Autores: Henriques I (a), Cardoso I (b), Pinto AC (b), Trancoso P (b), Azul (b)
Instituição: a) Universidad Santiago de Compostela b) Clinica Integrada de Medicina Oral
Valor da bolsa: 200.00€
Apresentação durante o evento 13th BIENNIAL EAOM CONGRESS 2016 em Turim, Itália | 2016-09-15
Resumo:
O Síndrome de boca ardente (SBA) caracteriza-se por sensação de ardor/queimadura na mucosa oral, sem fator etiológico local ou sistémico demonstrável, com um impacto negativo na vida dos doentes, com prevalência descrita entre 0,7-12,2%.
O objetivo deste estudo é caracterizar uma população com SBA numa consulta de Medicina oral em Portugal comparando com a bibliografia.
Estudo retrospetivo, observacional, transversal e comparativo. Foram analisadas 9595 fichas clínicas caracterizando-se os doentes por idade, género, atraso no diagnóstico, especialidades consultadas, sintomatologia e localização, entre outros. Foi efetuada a análise estatística descritiva e inferencial (teste do qui-quadrado, nível de significância 5%).
Identificaram-se 312 doentes com SBA (fem=85% e masc=15%) (ρ<0,05). 90% dos doentes tem mais de 45 anos e 40% mais de 65 anos. O atraso do diagnóstico foi de 41% até seis meses, 35,6% até dois anos e 17,6% superior a dois anos.
62% dos doentes referem dor, ardor ou queimadura, 14% xerostomia e 10% disgueusia. 76% dos doentes tem queixas na língua, lábio inferior e 1/3 anterior do palato e 7% tem queixas generalizadas na cavidade oral. Há cancerofobia em 10% dos doentes.
42% dos doentes na data do diagnóstico estavam em tratamento psiquiátrico ou a tomar psicofármacos. 42% dos doentes foram submetidos a exames auxiliares de diagnóstico invasivos (biopsia, TC, RMN…) e 22,3% consultaram outras especialidades (OTL, Medicina Interna…).
Neste estudo o SBA afeta maioritariamente mulheres acima dos 45 anos, existe um considerável atraso no diagnóstico da doença, com consultas/medicação/exames auxiliares múltiplos desnecessários. O rápido diagnóstico é imprescindível para o tratamento e qualidade de vida destes doentes e para a redução dos custos associados.
O nosso estudo demonstra ser indispensável informar a comunidade médica portuguesa sobre esta doença e as suas características de forma a que estes doentes sejam tratados de forma eficaz em tempo útil.